Hoje é o dia de abertura do ano judicial. A solene porque o ano judicial, obviamente já começou a 01-01-2009.
Hoje vão estar às 15.00H no Supremo Tribunal de Justiça os mais altos representantes dos intervenientes judiciários, isto é, vai lá estar o Presidente da República, o Ministro da Justiça, o Bastonário da Ordem dos Advogados, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e o Procurador Geral da República, entre outros!
O mais interessante é que todos vão discursar (portanto a tarde vai ser longa), cada um "puxando a brasa à sua sardinha", e mais uma vez vão apontar todos os defeitos que a justiça em Portugal tem.
O meu maior entusiasmo vai, claro está, para o discurso do nosso Bastonário, porque a nossa classe continua efectivamente a ser o parente pobre da justiça. O que convenhamos é muito triste!
Tenho ouvido vários comentários a este acontecimento e tenho também ouvido falar dos vários problemas que se apresentam: a morosidade da justiça, o problema com a acção executiva, a já mais que falada alteração ao processo penal, o estatuto do MP, enfim....tudo menos problemas da minha classe!
Então ninguém fala dos advogados defensores oficiosos? Que esperam meses e anos para serem pagos? Ninguém quer saber, como é que em tempo de crise os advogados pagam as suas contas? Ninguém quer saber da forma como somos tratados nos tribunais de todo o país?
Ao ouvir todos os comentários a este dia fico atónita pelo facto de ninguém falar da nossa classe. Parece mesmo que os advogados portugueses vivem numa espécie de paraíso onde não há nenhum problema, nem nenhuma questão a ser debatida.
Quem, senão nós, sofre com as constantes alterações legislativas? Quem, senão nós, tem que se actualizar minuto a minuto (à borla!) devido à constante criação legislativa? Quem é que o legislador pouco ouve quando cria as tão famosas reformas legislativas?
Como podem observar nós somos uma classe muito sui generis, porque efectivamente temos problemas, temos questões que queremos resolvidas, mas ainda não sabemos bem como reivindicar as nossas pretensões.
Por isso, espero que hoje o nosso Bastonário consiga pôr o dedo na ferida, consiga que se assumam compromissos sérios com os advogados portugueses e que acima de tudo todos os intervenientes judiciários sejam respeitadores do trabalho por nós exercido, junto da população, por esse Portugal fora.
Até ao meu regresso!